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    O Desafio do São João: Preservação Cultural ou Lucro Financeiro?

    O São João, uma das festas mais tradicionais e queridas do Brasil, enfrenta um dilema crescente: preservar suas raízes culturais ou sucumbir aos interesses comerciais das empresas privadas. A cada ano, vemos um aumento na comercialização e na privatização das festividades juninas, o que coloca em risco a autenticidade e a essência dessa celebração.


    Historicamente, o São João foi uma festa comunitária, onde as pessoas se reuniam para celebrar as colheitas, dançar quadrilhas, saborear comidas típicas e reverenciar as tradições locais. No entanto, nos últimos tempos, temos testemunhado uma crescente influência das empresas privadas na organização e na gestão desses eventos.


    É compreensível que as prefeituras, muitas vezes, recorram ao setor privado para obter recursos financeiros e infraestrutura para a realização do São João. No entanto, ao fazerem isso, estão entregando não apenas a logística, mas também a alma da festa nas mãos de entidades cujo principal objetivo é o lucro financeiro.



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    O problema com essa abordagem é que as empresas privadas tendem a priorizar atividades e atrações que maximizem seus lucros, em detrimento da preservação das tradições e da participação da comunidade local. Vemos palcos sendo dominados por artistas comerciais em vez de bandas regionais, barracas de comida sendo substituídas por franquias de fast-food e atividades culturais sendo relegadas a segundo plano em favor de patrocinadores corporativos.


    Essa comercialização excessiva não só descaracteriza o São João, tornando-o uma mera caricatura de si mesmo, como também exclui comunidades de baixa renda, que não podem arcar com os altos preços cobrados por ingressos, alimentação e outras despesas relacionadas à festa.


    É importante lembrar que o São João não pertence às empresas privadas; ele pertence ao povo. São as comunidades locais que mantêm viva a tradição, passando-a de geração em geração. Portanto, é fundamental que as gestões públicas assumam a responsabilidade de preservar e promover o São João de forma autêntica e inclusiva.


    Isso significa investir em artistas locais, valorizar as manifestações culturais tradicionais, garantir o acesso gratuito ou acessível às festividades e envolver ativamente a comunidade na organização e na tomada de decisões relacionadas ao evento.


    Além disso, é essencial que as prefeituras adotem políticas de transparência e prestação de contas, garantindo que os recursos destinados ao São João sejam utilizados de forma responsável e em benefício da comunidade, e não para enriquecer empresas privadas.


    O São João é mais do que apenas uma festa; é um símbolo da identidade e da cultura brasileira. Portanto, cabe a todos nós, enquanto cidadãos, defender e preservar essa tradição, assegurando que ela permaneça verdadeira às suas raízes e acessível a todos. Chegou o momento de devolver o São João ao povo.

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